sábado, 30 de maio de 2009

Poema Erótico - 6 - ......



ENTREGA

Numa entrega absoluta
nossos corpos ardentes se unem.
Trocamos gemidos e salivas
com a orgia carnal e o pudor perdido.
Os lábios se lambuzam do mais puro
mel das entranhas.
No vai e vem sobre lençóis de cetim
e no passar dos dedos suavemente
nossos corpos entrelaçados
gemem o desejo dos cios.
Passeando por entremeios,
me descobre mulher.
Eu e você...
Entre sussurros e gemidos
ardendo de tanta paixão
nossos lábios se encontram
num verdadeiro fogo de tesão
como se fossemos o próprio vulcão
buscando o sublime êxtase.
E assim você me deixou
húmida, arrepiada e enlouquecida
provocando meu gozo.
Me levando ao verdadeiro delírio
de uma doce entrega,
me fazendo sua fêmea...


(Regina Coeli)
Blogue:deusaodoya.blogspot.com

domingo, 24 de maio de 2009

Poema Erótico - 5 - ......





ANJOS MULHERES - VI


As mulheres voam
como os anjos
Com as suas asas feitas
de cristal de rocha da memória

Disponiveis
para voar

soltas...

Primeiro
lentamente uma por uma

Depois,
iguais aos passaros

fundas...

Nadando,
juntas

Secreta a rasar o
chão

a rasar a fenda
da lua

no menstruo
por entre a fenda das pernas

Às vezes é o aço
que se prende
na luz

A dobrarmos o espaço?

Bruxas
pomos asas em vassouras
de vento

E voamos

Como as asas
lhe cresciam nas coxas

diziam dela
que era um anjo do mar

Rondo alto,
postas em nudez de ombros
e pernas

perseguindo,

pelos espaços,
lunares
da menstruação

e corpo desavindo

Não somos violencia
mas o voo

quando nadamos
de costas pelo vento

até à foz do tempo
no oceano denso
da nossa própria voz

Sabemos distinguir
a dormir
os anjos das rosas voadoras

pelo tacto?

Somos os anjos
do destino

com a alma
pelo avesso
do utero

Voamos a lua
menstruadas

Os homens gritam
- são as bruxas

As mulheres pensam
- são os anjos

As crianças dizem
- são as fadas

Fadas?

filigrama cintilante
de asas volteando
no fundo da vagina

Nadamos?

De costas,
no espaço deste século

Mudar o rumo
e as pernas mais ao
fundo

portas por trás
dobradas pelos rins

Abrindo o ar
com o corpo num só golpe

Soltas,
viando
até chegar ao fim

Dizem-nos
que nos limitemos ao espaço

Mas nós voamos
também
debaixo de água

Nós somos os anjos
deste tempo

Astronautas,
voando na memória
nas galáxias do vento...

Temos um pacto
com aquilo que
voa

- as aves
da poesia

- os anjos
do sexo

- o orgasmo
dos sonhos

Não há nada
que a nossa voz não abra

Nós somos as bruxas da palavra


(Maria Teresa Horta)

domingo, 3 de maio de 2009

Poema Erótico - 4 ......



Soneto da donzela ansiosa


Arreitada donzela em fofo leito
Deixando erguer a virginal camisa,
Sobre as roliças coxas se divisa
Entre sombras sutis pachacho estreito.

De louro pêlo um círculo imperfeito
Os papudos beicinhos lhe matiza;
E a branda crica, nacarada e lisa,
Em pingos verte alvo licor desfeito.

A voraz porra, as guelras encrespando,
Arruma a focinheira, e entre gemidos
A moça treme, os olhos requebrando.

Como é inda boçal, perde os sentidos;
Porém vai com tal ânsia trabalhando,
Que os homens é que vêm a ser fodidos.


(Manuel Maria Barbosa du Bocage)
(1765-1805) Poesia Erótica/Net